
Instabilidades em serviços digitais e o apagão da AWS de 2025: o que isso revela sobre resiliência e segurança da informação
O apagão da AWS em 20 de outubro de 2025
Na tarde de 20 de outubro de 2025, a Amazon Web Services (AWS) sofreu uma das maiores interrupções dos últimos anos, afetando milhares de empresas e usuários em todo o mundo.
O evento teve início na região US-EAST-1 (Virgínia, EUA) — o núcleo histórico e mais usado da infraestrutura da Amazon — e provocou falhas generalizadas em serviços como DynamoDB, EC2, S3, Route 53 e CloudWatch.
De acordo com a Reuters, a AWS relatou “taxas de erro elevadas e indisponibilidade intermitente” que afetaram grandes plataformas de consumo e aplicativos corporativos.
Em poucas horas, o Downdetector registrou milhões de alertas de usuários relatando falhas em Amazon, Mercado Livre, Pix, PicPay, Canva, Snapchat, Fortnite, WhatsApp, Reddit, Coinbase e Robinhood.
Segundo a The Verge, o problema principal foi associado a instabilidade no sistema de resolução DNS e em balanceadores de carga regionais, com falhas em cadeia em serviços dependentes do DynamoDB.
A normalização foi iniciada após cerca de cinco horas, mas com efeitos residuais em sincronização de dados e autenticações. A AWS declarou o incidente “plenamente mitigado” por volta da madrugada do dia 21.
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O impacto global e nacional
Impacto internacional
O apagão atingiu infraestruturas críticas de alto tráfego, incluindo:
- Serviços de streaming e entretenimento (Fortnite, Snapchat, Reddit, Spotify).
- Aplicativos financeiros e de criptoativos (Coinbase, Robinhood, Revolut).
- Serviços de IoT e automação residencial (Ring, Alexa, câmeras e smart hubs).
- Sites governamentais e instituições tributárias no Reino Unido (The Guardian).
Impacto no Brasil
O Brasil, altamente dependente da AWS via provedores locais e fintechs, também sentiu reflexos:
- Instabilidade no Mercado Livre e Mercado Pago, com relatos de dificuldade em transações e autenticações.
- Oscilações no sistema de pagamentos instantâneos (PIX), devido a dependências indiretas de APIs hospedadas em nuvem.
- Problemas intermitentes em plataformas de delivery e bancos digitais, como PicPay, iFood e Nubank, em parte pela dependência de gateways e microserviços externos.
- Ferramentas corporativas de monitoramento e backups apresentaram lentidão, afetando o setor de tecnologia e segurança.
Esses efeitos mostraram que mesmo infraestruturas críticas nacionais estão expostas a falhas em regiões específicas da AWS fora do país.
Anatomia técnica da falha
Relatórios técnicos preliminares e análises de especialistas indicam que o incidente envolveu:
- Falha em subsistemas de DNS interno, comprometendo o roteamento de requisições dentro da própria malha de rede da AWS.
- Propagação de erro em DynamoDB e S3, afetando autenticação, replicação e filas de mensagens.
- Cascata de indisponibilidades nos serviços que dependem desses módulos (APIs REST, microserviços e sistemas de autenticação OAuth).
- Sobrecarga em CloudFront e balanceadores de carga (ELB), resultando em timeouts generalizados.
- Risco de “data drift” (divergência de dados) em clusters com replicação interrompida.
Embora não haja evidências de ataque cibernético, a magnitude do evento expôs vulnerabilidades em gestão de dependências, redundância regional e engenharia de disponibilidade.
Relevância para a segurança da informação
Este apagão transcende o campo da infraestrutura e alcança diretamente os princípios de segurança da informação.
Os impactos se alinham aos pilares do modelo CIA (Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade):
Pilar | Risco Observado | Implicação |
Disponibilidade | Serviços críticos fora do ar por horas | Interrupção de negócios e perda de confiança |
Integridade | Risco de inconsistência em bases distribuídas | Dados fora de sincronia e possíveis erros operacionais |
Confidencialidade | Reautenticações forçadas e timeouts podem gerar janelas de exposição | Sessões inválidas e logs não rastreáveis |
Além disso:
- A interdependência global da AWS demonstra que resiliência cibernética não é apenas uma questão de segurança de rede, mas de governança de risco digital.
- O evento reforça a necessidade de planos de continuidade de negócios (BCP) e estratégias multi-cloud bem testadas.
- A ausência de visibilidade granular sobre incidentes de terceiros é hoje uma das principais lacunas em programas de compliance e cibersegurança corporativa.
Lições práticas para profissionais e equipes de segurança
1. Mapear dependências críticas: identifique se suas aplicações dependem de uma região específica (ex: US-EAST-1) ou de serviços únicos da AWS.
2. Adotar redundância e failover real: ter múltiplas zonas não basta; é preciso garantir que o roteamento, autenticação e DNS também sejam redundantes.
3. Implementar observabilidade distribuída: métricas, tracing e logs centralizados permitem identificar gargalos externos rapidamente.
4. Definir SLAs e SLOs realistas: a promessa de 99,99 % não elimina o risco; documente impacto real e acordos internos de resposta.
5. Treinar para incidentes de terceiros: simular indisponibilidade de provedores externos e treinar o plano de comunicação com stakeholders.
6. Auditar continuamente o uso de nuvem: revisões regulares evitam dependências invisíveis (shadow IT, APIs não catalogadas).
Reflexões estratégicas e cenário futuro
O apagão de 20/10/2025 entra para a lista de grandes eventos de instabilidade global da última década.
Ele expõe uma questão estrutural: a internet corporativa global está excessivamente centralizada em poucos provedores.
Especialistas apontam três tendências emergentes:
- Crescimento de estratégias multi-cloud e edge computing, como alternativa a dependência regional.
- Reforço de regulação e transparência, especialmente em setores financeiros e críticos.
- Demanda crescente por profissionais de cibersegurança com domínio de resiliência digital e continuidade de negócios.
Conclusão
O apagão da AWS de 2025 não foi apenas um incidente técnico: foi um teste de maturidade cibernética global.
Empresas e governos que tratam disponibilidade como tema de “infraestrutura” precisam elevar essa disciplina ao nível de estratégia de segurança da informação.
Para o Brasil — altamente conectado via serviços internacionais — este evento é um alerta claro: resiliência e segurança são indissociáveis.
A próxima falha global não é uma questão de “se”, mas de “quando”.
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